Diversos estudantes têm vontade e interesse em empreender, mas não encontram amparo nos cursos de graduação. Além disso, eles ingressam com a expectativa de que o diploma alavanque sua progressão de carreia no mercado e nem sempre sabem o caminho a percorrer. Considerando este cenário e a alta taxa de evasão nos cursos de Engenharia, o professor Luis Alberto Figueiredo de Sousa, da Universidade Anhembi Morumbi, de São Paulo/SP, propôs e implantou o projeto Trilhas de empreendedorismo e inovação.

A iniciativa, que envolve seis professores da instituição, consiste em promover encontros ao longo do semestre proporcionando ao estudante ficar frente a frente com profissionais de mercado, que partilham suas experiências em temas que vão desde a descoberta do empreendedorismo como opção de carreira até análises de mercado de trabalho utilizando técnicas específicas.

Durante o ciclo do projeto, duas trilhas são apresentadas aos participantes: inovação e empreendedorismo e empregabilidade e carreira. Ambas contam com quatro encontros agendados ao longo do semestre que ocorrem nas instalações físicas de empresas e também fora do horário de aulas, aos sábados, na universidade.

O projeto surgiu a partir da percepção de que os estudantes não tinham uma visão clara do que realmente é a Engenharia e, por isso, não conseguiam ter o engajamento necessário para a uma formação de excelência.

Segundo Sousa, isso demonstra a importância de os estudantes praticarem o que aprendem na sala de aula para que consigam vislumbrar os milhares de caminhos que a área de Engenharia pode proporcionar. “A partir daí entendemos que a questão da evasão está diretamente relacionada ao engajamento do aluno. Alunos engajados não evadem”, explica Sousa.

“O Brasil tem uma demanda de engenheiros maior do que consegue formar. Nesse sentido, o nosso projeto surgiu para ajudar a resolver esse problema e colaborar com a economia brasileira. A engenharia é um algo que agrega bastante valor ao país. Mas, mais do que isso, estamos preocupados em formar engenheiros com qualidade”.

Inovação aberta
De acordo com Sousa, a instituição já possuía diversos projetos nacionais e internacionais que envolviam os alunos em trabalhos desafiadores. Porém, ainda assim, havia necessidade de algo que fosse mais voltado para o que acontece no ambiente empresarial, como o modelo de inovação aberta (open innovation), que tem sido adotado por diversas empresas em todo o mundo.  

Inovação aberta é quando a pesquisa e o desenvolvimento de novas ideias saem dos limites da empresa e ganham espaço fora dela. Nesse processo, além de ouvir parceiros internos, a companhia estabelece cooperações com universidades, institutos de pesquisa, fornecedores e usuários.

“Nós percebemos que os alunos não entendiam direito como poderiam aplicar essas informações do mercado na prática e precisávamos ajudá-los. Eles lidam diariamente com a dúvida sobre como fazer a diferença dentro do ambiente empresarial", afirma o professor. “Quando um aluno domina o conceito do que é inovação, ele consegue fazer a diferença no mercado. Ali está um profissional que vai, de fato, gerar inovação para a empresa”, acrescenta.

Feedback positivo
A taxa de retorno dos alunos que participam do projeto é bastante positiva. “Eles saem com os olhos brilhando e dizem que novos caminhos foram abertos e agora sabem o que fazer”, conta Sousa.

A ideia da instituição é que o projeto seja continuado e aprofundado. Conforme a iniciativa vai acontecendo, os executores vão aprendendo junto com os participantes e novos desafios surgem, como a melhora na logística convocatória e o cuidado para não oferecer conteúdo repetido.

Menção honrosa
O projeto Trilhas de empreendedorismo e inovação foi agraciado com uma das duas menções honrosas da 23ª edição do Prêmio Top Educacional Professor Mario Palmério. Para Sousa, esse foi um reconhecimento de extrema importância, tanto no aspecto pessoal quanto institucional.

“Estamos lisonjeados. Para os estudantes, é muito interessante saber que eles fazem parte de algo reconhecido nacionalmente. É aquela coisa: vou em uma sorveteria que agora eu sei que é famosa, o sorvete tem outro gosto! ”

O professor conta ainda que para a Universidade Anhembi Morumbi o Prêmio é de extrema importância pois projeta a instituição em todo o país e tem a capacidade de gerar interesse em outras IES. “Estamos sempre abertos para trocar experiências. Nosso objetivo é fazer o bem sem fronteiras e é muito gratificante saber que está dando certo e estamos ajudando a reduzir a evasão nos cursos de Engenharia. Isso certamente trará benefícios para todos”, finaliza Sousa.